11 de fevereiro de 2021

Livro de Gênesis – Versículos 1 a 4 – Os “Gigantes” da antiguidade


Introdução


Gênesis, o primeiro livro do Pentateuco, cuja autoria a tradição atribui a Moisés, é o livro que descreve a história da criação dos céus e da terra, da chamada de Abraão em Ur. dos Caldeus, até a morte de José, filho de Jacó, na terra do Egito.
No sexto capítulo, existe uma perícope (versículos 1 a 4) que vêm sendo motivo de polêmica, desde a época dos pais apostólicos, até os dias de hoje.
Ela narra um fato que para nós pode parecer estranho, mas que foi perfeitamente entendido, pelos leitores da sua época.
Aparentemente, anjos dos céus se relacionaram sexualmente com as filhas dos homens terrenos, e dessa união nasceram seres híbridos, com estatura superior aos 3 metros, que são tratados pelos escritores da septuaginta e pelas maioria das  nossas traduções, como gigantes.
Seria isso possível?
Seria uma ilustração baseada em alguma mitologia, com a intenção de passar algum ensinamento à humanidade, ou justificar a destruição da terra, através do dilúvio?
Seria um equívoco pensar que estes anjos fossem seres celestiais, na verdade sendo filhos de Sete?
O escritor de Gênesis teria se valido do Livro Apócrifo de I Enoque?

Texto I

Apresentação da perícope 

O texto estudado neste trabalho é o de Gênesis 6:1-4, que será apresentado abaixo primeiramente na versão massorética[1].
Texto em hebraico
Tradução Literal
  WTT Genesis 6:1 וַֽיְהִי֙ כִּֽי־הֵחֵ֣ל הָֽאָדָ֔ם לָרֹ֖ב
עַל־פְּנֵ֣י הָֽאֲדָמָ֑ה וּבָנ֖וֹת יֻלְּד֥וּ לָהֶֽם׃

1 – E aconteceu que, quando começou o humano a se tornar numeroso sobre as faces de o solo; e filhas geradas para eles;
  WTT Genesis 6:2 וַיִּרְא֤וּ בְנֵי־הָֽאֱלֹהִים֙ אֶת־בְּנ֣וֹת הָֽאָדָ֔ם כִּ֥י טֹבֹ֖ת הֵ֑נָּה וַיִּקְח֤וּ לָהֶם֙ נָשִׁ֔ים מִכֹּ֖ל אֲשֶׁ֥ר בָּחָֽרוּ׃

2 – e viram os filhos de Deus as filhas de o humano, que boa elas; e tomaram para eles mulheres, dentre todas que escolheram
  WTT Genesis 6:3 וַיֹּ֣אמֶר יְהוָ֗ה לֹֽא־יָד֙וֹן רוּחִ֤י בָֽאָדָם֙ לְעֹלָ֔ם בְּשַׁגַּ֖ם ה֣וּא בָשָׂ֑ר וְהָי֣וּ יָמָ֔יו מֵאָ֥ה וְעֶשְׂרִ֖ים שָׁנָֽה׃

3 – E disse YHWH: Não permanecerá o meu espírito com o humano para tempo longo, e que também ele carne; e serão os dias dele cento e vinte anos.
  WTT Genesis 6:4 הַנְּפִלִ֞ים הָי֣וּ בָאָרֶץ֘ בַּיָּמִ֣ים הָהֵם֒ וְגַ֣ם אַֽחֲרֵי־כֵ֗ן אֲשֶׁ֙ר יָבֹ֜אוּ בְּנֵ֤י הָֽאֱלֹהִים֙ אֶל־בְּנ֣וֹת הָֽאָדָ֔ם וְיָלְד֖וּ לָהֶ֑ם הֵ֧מָּה הַגִּבֹּרִ֛ים אֲשֶׁ֥ר מֵעוֹלָ֖ם אַנְשֵׁ֥י הַשֵּֽׁם׃ פ

4 – Os nefilins estavam na terra nos dias os aqueles, e também, depois, assim, que vieram os filhos de o Deus para as filhas de o humano, e geraram para eles; eles os valentes que desde tempo longo passado, os homens de o nome.

O versículo dois, fala em filhos de Deus, e filho de o humano, o que me parece estar se referindo ao ser humano, e não a uma determinada descendência de homens maus, o que invalida a hipótese de estar se referindo a geração de Sete.
O versículo quatro nos aponta que os nefilins já existiam desde um passado remoto, e não foi somente através de relacionamento sexual entre seres celestiais e humanos.
O termo que tornam esta perícope mais interessante é:
Nefilim, do hebraico נְפִלנ ְפִיל nefilím, que significa desertores, caídos, derrubados, mas tal termo é uma variação do termo נָפַל. Deriva da forma causativa do verbo nafál ou nefal (cair,queda,derrubar,cortar). Traz uma ideia de dividido, falho, queda, perdido, mentiroso, desertor. Literalmente os que fazem os outros cair ou mentir.
O autor pode perfeitamente estar se referido à seres celestiais que caíram em pecado, e queriam fazer o mesmo com a raça humana.
Existem outras passagens bíblicas em que encontramos a palavra gigante, não é exatamente a palavra nefilim a utilizada no texto massorético, como por exemplo em Dt. 1.28, que usa a palavra Anakim עֲנָקִ֖ים , que a LXX também traduz como gigantes.
Já em Nm. 13:33, encontramos os “filhos de Anak, descendentes de gigantes (אֶת־הַנְּפִילִ֛ים בְּנֵ֥י עֲנָ֖ק ), onde a palavra nefilim é apresentada, porém o contexto “éramos como gafanhotos” apenas me pareceu que tratava-se de muitas pessoas, de ambos os clãs.
O Livro de I Crônicas, quando vai descrever Golias, o mais famoso gigante bíblico, poderia apresentar o termo nefilim no texto original, porém apresenta o termo “homem de grande estatura (אִ֣ישׁ מִדָּ֗ה וְאֶצְבְּעֹתָ֤יו ), para descrever o campeão filisteu.
Concluo com isso, que nefilim, realmente tem haver com caráter, e não estatura, tampouco a existência de seres extra-grandes, nos tempos vetero-testamentários.
O historiador Flavio Josefo, no seu livro de antiguidade judaicas, aumentou o tamanho dos gigantes para 6 metros, fato que corre o risco de soar como um verdadeiro absurdo.
Abaixo, apresento com esta perícope está inserida nas traduções mais usadas na língua portuguesa:
ACF  Genesis 6:1 E ACONTECEU que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas,

ARA  Genesis 6:1 Como se foram multiplicando os homens na terra, e lhes nasceram filhas,

ARC  Genesis 6:1 E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas,

BRP  Genesis 6:1 E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas,

SBP  Genesis 6:1 Quando a humanidade começou a ser mais numerosa na terra e foram nascendo mais raparigas,

ACF  Genesis 6:2 Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.

ARA  Genesis 6:2 vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes agradaram.

ARC  Genesis 6:2 viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.

BRP  Genesis 6:2 Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.

SBP  Genesis 6:2 os seres celestes viram que estas eram belas e cada um deles escolheu para sua mulher aquela que mais lhe agradou.

ACF  Genesis 6:3 Então disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos.

ARA  Genesis 6:3 Então, disse o SENHOR: O meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos.

ARC  Genesis 6:3 Então, disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos.

BRP  Genesis 6:3 Entäo disse o SENHOR: Näo contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias seräo cento e vinte anos.

SBP  Genesis 6:3 O Senhor disse então: "Não vou proteger o homem por muito tempo. Ele é mortal, a sua sobrevivência não irá além de cento e vinte anos."

ACF  Genesis 6:4 Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.

ARA  Genesis 6:4 Ora, naquele tempo havia gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos; estes foram valentes, varões de renome, na antiguidade.

ARC  Genesis 6:4 Havia, naqueles dias, gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os varões de fama.

BRP  Genesis 6:4 Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.

SBP  Genesis 6:4 Havia então na terra os gigantes e continuaram depois, a existir. É que os seres celestes tinham casado com as filhas dos homens e tinham gerado filhos. Foram esses os famosos heróis dos tempos antigos


Observando todas as traduções, a que mais se destaca é a da SBP[2], que embasa explicitamente que os filhos de Deus eram seres celestiais, e as filhas dos homens, mulheres terrenas. 

Texto II 

O que os comentaristas bíblicos dizem sobre o assunto 

Bíblia de Jerusalém

Comentário[3]: Filhos de Deus e filhos dos homens – nem tudo está claro para nós neste breve episódio de tradição javista, mas o autor retoma sem dúvida elementos de uma tradição popular de caráter mitológico. A dificuldade inicialmente provém da identidade  dos “filhos de Deus” (Cf. Dt 38+), depois da relação que pode haver aí entre sua união com as filhas dos homens e os nephilîm do v.4. Poder-se-ia pensar que estes (pensa-se aqui em Ez 32,17-32, onde se fala precisamente daqueles que “caíram” significação de nephilîm, e que foram colocados ou estão curvados, apesar de seu valor, entre as vítimas da espada, assim como num mito grego dos Titãs) são o resultado da união dos “filhos de Deus” com as filhas dos homens, mas o texto diz apenas que os nephilîm habitavam sobre a terra nesse tempo. Eles poderiam ser os Gigantes (ou Titãs) semíticos, mas em outro lugar são chamados de “filhos de Anaq” ou Anaqîn (cf. Nm 13,28.33; Dt 1,28+). Sem se pronunciar sobre o valor dessa crença e velando o seu aspecto mitológico, ele lembra apenas essa recordação de uma raça insolente de super-homens, como um exemplo da perversidade crescente que irá motivar o dilúvio. O judaísmo posterior e quase todos os escritores eclesiásticos viram anjos culpados nesses “filhos de Deus”. Mas, a partir do século IV, em função de uma noção espiritual dos anjos, os Padres comumente interpretaram os “filhos de Deus” como a linhagem de Set e as “filhas dos homens” como a descendência de Caim. 

Antônio Gilberto – Bíblia de Estudo Pentecostal

Os filhos de Deus  - Estes “filhos de Deus”, sem dúvida, eram os descendentes da linhagem piedosa de Sete (cf. Dt 14.1; Sl 73.15; Os 1.10); eles deram início aos casamentos mistos com as “filhas dos homens”. i.e., mulheres da família ímpia de Caim[4]
A teoria de que os “filhos de Deus” eram anjos, não subsiste ante as palavras de Jesus, que os anjos não se casam (Mt 22.30; Mc 12.25). Essa união entre os justos e os ímpios levou à maldade” do versículo 5, i.e., os justos passaram a uma vivência iníqua. Como resultado, a terra corrompeu-se e encheu-se de violência.[5]

Testemunhas de Jeová e a Tradução do Novo Mundo[6]

Gn. 1 Ora, sucedeu que, quando os homens principiaram a aumentar em número na superfície do solo e lhes nasceram filhas, Gn2 então os filhos do [verdadeiro] Deus começaram a notar as filhas dos homens, que elas eram bem-parecidas; e foram tomar para si esposas, a saber, todas as que escolheram. Gn.3 Depois disso, Jeová disse: “Meu espírito não há de agir por tempo indefinido para com o homem, porquanto ele é carne. Concordemente, seus dias hão de somar cento e vinte anos.”
Gn.4 Naqueles dias veio a haver os nefilins na terra, e também depois, quando os filhos do [verdadeiro] Deus continuaram a ter relações com as filhas dos homens e elas lhes deram filhos; eles eram os poderosos da antiguidade, os homens de fama.
As Testemunhas de Jeová ensinam que os “gigantes” de Gênesis 6:4 são o resultado da união de mulheres com anjos. Baseiam-se no verso 2, onde existe a expressão “filhos de Deus”, que eles atribuem referir-se aos anjos e também citam o verso 1 do capitulo dois de Jó para provarem seu ensino, onde também aparece o termo hebraico [7]בְּנֵ֣י הָֽאֱלֹהִ֔ים que quer dizer: Filhos ou descendentes de Elohim. 

Comentário de Finis Jenning Dake[8]

Dake afirma que os Filhos de Deus, realmente eram anjos caídos, e a união destes com as mulheres foi uma investida de satanás para anular a raça adâmica, conforme a epígrafe encontrada na Bíblia de Estudo Dake: “16. Pecados dos anjos: fornicação para anular a raça adâmica”
Portanto, os gigantes seriam os filhos nascidos dessa relação entre seres celestiais e as mulheres terrenas.

Gigantes Extraterrestres 

Esse conceito por si só é uma coisa surpreendente, porém, um povo mais antigo que os Israelitas acreditavam nela, eles escreveram que os Gigantes eram povos celestiais, que vieram não da terra, mais de outro planeta. No atual Iraque, por volta de 6 mil anos, habitou o local uma civilização com cultura muito avançada, eram chamados de Sumérios, eles foram os pioneiros de quase tudo que constitui nossa sociedade atual, criaram o primeiro congresso com duas câmaras, a primeira escrita, o melhor hospedagem de site primeiro sistema de escolas, sabedores de todas essas façanhas, nos perguntamos, de onde vem tudo isso?, creio que temos que recorrer aos próprios antigos Sumérios, e em todos os lugares, em todas as inscrições Sumérias vemos que sempre é dito que todo o seu avançado conhecimento veio de seres vindos dos céus, os chamados Ananocs, e após analisar os escritos Sumérios, renomados historiadores afirmam que esse povo, os Ananocs, eram pelo menos um terço maiores que os humanos, portanto, eram Gigantes[9] 

Texto III 

O Livro de I Enoque 

Existe uma pequena corrente que defende que o livro apócrifo de I Enoque, foi escrito pelo próprio Enoque, ancestral de Noé – sétimo depois de Adão.
Olhando por este ponto, Moisés teria usado-o como fonte para compor o início do capítulo 6 de Gênesis, conforme a semelhança apontada abaixo:

I Livro de Enoque
Gênesis 6[10]
1 - Quando outrora aumentou o número dos filhos dos homens, nasceram-lhes filhas bonitas e amoráveis. Os Anjos, filhos do céu, ao verem-nas,desejaram-nas e disseram entre si: "Vamos tomar mulheres dentre as filhas dos homens e gerar filhos!"

1 - Quando os homens começaram a ser numerosos sobre a face da terra, e lhe nasceram filhas,
2 - Disse-lhes então o seu chefe Semjaza: "Eu receio não queirais realizar isso, deixando-me no dever de pagar sozinho o castigo de um grande pecado". Eles responderam-lhe em coro: "Nós todos estamos dispostos a fazer um juramento, comprometendo-nos a uma maldição comum mas não abrir mão do plano, e sim executá-lo".
2 - os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram belas e tomaram como mulheres todas as que lhe agradaram.
3 - Então eles juraram conjuntamente, obrigando-se a maldições que a todos atingiriam. Eram ao todo duzentos os que, nos dias de Jared, haviam descido sobre o cume do monte Hermon. Chamaram-no Hermon porque sobre ele juraram e se comprometeram a maldições comuns.

3 - Iahweh disse: “Meu espírito não permanecerá no homem, pois ele é carne; não viverá mais que cento e vinte anos.”
4 –Assim se chamavam os seus chefes: Semjaza, o superior de todos eles, Arakiba, Rameel, Kokabiel, Tamiel, Ramiel, Danei, Ezekeel, Narakijal, Azael, Armaros, Batarel, Ananel, Sakeil, Samsapeel, Satarel, Turel, Jomjael e Sariel. Eram esses os chefes de cada grupo de dez.
4 - Ora, naquele tempo (e também depois), quando os filhos de Deus se uniam as filhas dos homens e estas lhe davam filhos, os Nefilim habitavam sobre a terra; estes homens famosos foram os heróis dos tempos antigos
A partir daí, segundo o Livro de Enoque, os anjos começaram a interagir não só com as mulheres, mas com toda a humanidade, e ensinar-lhes a praticar toda espécie de pecados, porém deixo destacado o ponto em que ele descreve que da união destas mulheres com os seres celestiais caídos, deram origem aos gigantes:
“Entrementes elas engravidaram e deram à luz a gigantes de 3.000 côvados de altura. Estes consumiram todas as provisões de alimentos dos demais homens. E quando as pessoas nada mais tinham para dar-lhes os gigantes voltaram-se contra elas e começaram a devorá-las.” (I Enoque 7:2).
A partir de então, segundo o escritor do livro, o Senhor começa a executar o seu plano de destruição da terra, pois a maldade entre os humanos teria chegado ao extremo, assim como acontece no livro de Gênesis, quando Deus chama Noé.
Porém, existe outra linha teológica, que defende que I Enoque foi escrito entre os séculos IV e III a.C, o que invalida o fato de Moisés ter usado este livro como fonte para Gênesis, e sim ao contrário, quando este livro foi escrito, já existia o livro de Gênesis.
Independente de qual dos livros foi escrito primeiro, é inegável alguns paralelos que existem entre os dois, conforme estas passagens:

Deuteronômio 33:2 Disse pois: O SENHOR veio de Sinai, e lhes subiu de Seir; resplandeceu desde o monte Parä, e veio com dez milhares de santos; à sua direita havia para eles o fogo da lei.
1 Enoque 1:9 Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos; para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade, que impiamente cometeram, e por todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra ele.


Mas os anjos realmente se relacionaram com as mulheres, e estes seres híbridos realmente existiram?
Isto é uma resposta que ninguém poderá dar, dizendo ser a verdade absoluta, pois quaisquer dos dois escritores mencionados podem ter em suas obras uma verdade literal, ou terem usado uma verdade mitológica (grega?), para expressar uma verdade “atual”, ou simplesmente ter usado essa mitologia como forma de ensinamento. 

Conclusão 

Por fim, após analisar esta interessante perícope através de seus escritos originais, usar fontes apócrifas como paralelo de pesquisa, usar traduções da bíblia para o português em diferentes versões, não se consegue chegar a uma verdade absoluta sobre quem realmente são os filhos de Deus, e também os gigantes.
Considero que esta perícope inserida na Bíblia, é de completa origem mitológica, que teve como intenção mostrar a que ponto a maldade se espalhava pelo mundo, dando origem ao juízo de Deus.
Os gigantes, encontrados nos livros canônicos são diferentes dos encontrados nos apócrifos.
Acredito se realmente tivesse existido este seres sobrenaturais, os livros canônicos teriam-os apresentado de forma mais detalhada.  

Bibliografia 

1 – Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português – Vol 1 – Pentateuto SBB -  2012.
2 – Bíblia de Jerusalém – Ed. Paulus – 2008
3 – Bíblia de Estudo Pentecostal. ARC – CPAD -2008
4 – Tradução do Novo Mundo – (Bíblia dos Testemunhas de Jeová)
5 -  http://www.jw.org/pt/publicacoes/biblia - acessado em 01/10/2012
6 – http://misterioshistoricosdahumanidade.blogspot.com – acessado em 04/10/2012
7 – http://pt.wikpedia.orr/wiki/Nefilim - acessada em 30/09/2012
8 – Software Bible Works 8
9 - Apócrifos e pseudo-epígrafos da Bíblia – página 261 – Fonte editorial Trad. Claudio J. A Rodrigues – 2005
10 – Dake – Bíblia de Estudo – ARC – Editora Atos – 2010
11 – Stern, David H - Bíblia Judaica Completa Ed. Vida – 2011
12 – Dicionário Hebraico-Português & Aramaico – Português – 23º Edição - Vozes



[1] Texto original em hebraico, acrescido dos sinais indicativos de vogais, sílaba tônica, etc.
[2] Sociedade Bíblica de Portugal, ou seja, é uma tradução em português de Portugal.
[3] Bíblia de Jerusalém – Paulus – pp.41,42  - 2008
[4] Saiu Caim diante da face do Senhor. Caim e seus descendentes foram os cabeças da civilização humana até hoje desviada de Deus. A motivação básica de todas as sociedades humanistas está em superar a maldição, buscar o prazer e reconquistar o “paraíso”, sem submissão a Deus. Noutras palavras, o sistema mundial fundamenta-se no princípio da auto-redenção da raça humana, na sua rebelião contra Deus.
[5] Bíblia de Estudo Pentecostal – Gilberto, Antonio – CPAD – 2008 pp. 39, 41
[6] Tradução do Novo Mundo – Feito Download do site http://www.jw.org/pt/publicacoes/biblia/
[7] Na versão do BW8 o termo Filhos de Deus em Gênesis 6:2 aparece assim: בְנֵי־הָֽאֱלֹהִים
[8] Bíblia Dake – ppp 13, 100 e 101
[9] http://misterioshistoricosdahumanidade.blogspot.com.br/2012/06/gigantes-misterio-ou-mito.html, acessada em 04/10/2012 – 15:00
[10] Usei como versão a Bíblia de Jerusalém
 
 


10 de fevereiro de 2021

Qual é a imagem que você tem de Deus?

De acordo com a Bíblia, Moisés, ao desejar ver a glória de Deus, obteve do Senhor a seguinte resposta: “Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá” (Ex 33.20). E João ainda completa: “Deus nunca foi visto por alguém” (Jo 1.18a).

Estes textos nos mostram que é simplesmente impossível “ver” a Deus. Entretanto, isto não quer dizer que não seja possível formular algumas imagens a Seu respeito. Acontece, porém, que muitas dessas “imagens da divindade” que são criadas, por serem resultado de nossos interesses particulares, projeções psicológicas e conveniências humanas, acabam se tornando conceitos totalmente inadequados de Deus. E, por mais incrível que pareça, tais “imagens subjetivas e equivocadas de Deus” estão bastante presentes, inclusive, no imaginário cristão. Cito, abaixo, algumas dessas caricaturas de Deus.

Imagens Inadequadas de Deus

O “Deus” Delivery – Aqueles que acreditam nesta concepção de Deus pensam que não precisam ir à igreja, a fim de congregar juntamente com os seus irmãos em Cristo. Estes, que pertencem ao MST (Movimento dos Sem Templo – ou “sem igreja”) entendem que basta ficar em casa, pois Deus enviará a bênção até eles. Crer nesse tipo de “Deus” é bastante conveniente para tais pessoas, porque, afinal, é uma forma que encontram de legitimar as suas frustrações eclesiais pessoais, o que acaba lhes servindo como boa desculpa para não manterem nenhum compromisso sério com Deus e com o corpo de Cristo, a Igreja.

O “Deus” Estepe – A filosofia das pessoas que enxergam a Deus como se fosse um “pneu reserva” pode ser resumida na seguinte frase: “É bom tê-lo por perto, mas só irei recorrer a Ele em último caso!”. É bastante deprimente procurar a Deus e se achegar a Ele somente como um último recurso e quando o “navio já está se afundando”. Porém, milhares de pessoas agem exatamente assim. Para estes, Deus “funciona” como um “quebra-galhos” eventual, e não como alguém com quem devem se relacionar constantemente.

O “Deus” General – É principalmente chamado de “Senhor dos Exércitos” por aqueles que o vêem dessa forma. É visto como um Deus que só dá ordens e a quem devemos “fazer continência” e prestar obediência em regime militar. Os que enxergam a Deus assim, se dirigem a Ele dizendo: “Sim, Senhor!”; “Não, Senhor!”; “Desculpe-me, Senhor!”; “Não Sei, Senhor!”. E até para agradecer, dizem: “Obrigado, Senhor!”.  Tais pessoas costumam confundir a igreja com um quartel do exército e a Bíblia com uma cartilha militar repleta de regras e de proibições. 

O “Deus” Gênio da Lâmpada – Segundo aqueles que entendem a Deus dessa maneira, Ele existe para atender e satisfazer aos pedidos dos fiéis, sejam eles quais forem. Porém, ao não verem as suas preces atendidas, tais pessoas ficam ressentidas e culpam a Deus por isso. Tais indivíduos possuem uma visão extremamente utilitarista de Deus. Eles servem a Deus não por aquilo que “Ele é”, mas sim pelos benefícios que Ele pode lhes proporcionar. Pouco interesseiros, não acha?

O “Deus” Intelectual – As pessoas que possuem tal imagem de Deus costumam se dirigir a Ele em oração mais ou menos assim (à la “seu Rolando Lero” da antiga Escolinha do Professor Raimundo): “Ó, escatológico,  inescrutável, sui generis, portentoso, atemporal, onividente e transcendente Deus, peço-lhe, por obséquio, que ouças a minha humilde prece, enquanto faço genuflexão diante de Ti (...)!”. Estas pessoas pensam que, porque Deus é onisciente e, portanto, sabe de todas as coisas, logo, Ele é um sujeito “culto”. Então, tais indivíduos acham que ao falarem com Ele devem se comunicar utilizando palavras rebuscadas e linguajar difícil, a fim de impressioná-lo. É mais fácil você interpretar uma oração “em línguas”, do que decifrar o conteúdo enigmático de tais tipos de oração! 

O “Deus” Marionete – Quem possui tal imagem de Deus acredita que, de alguma forma, conseguirá manipulá-lo, amestrá-lo ou domesticá-lo segundo os seus próprios interesses e de acordo com o seu bel prazer. E, por mais incrível que pareça, há, de fato, pessoas que pensam que podem mesmo “convencer” a Deus, manipulando-o de forma a fazer o que querem, através do uso de artifícios, tais como: choros teatrais, atitudes de autocomiseração, fazer “cara emburrada” etc. Além disso, estas pessoas também costumam usar como estratégia de manipulação divina toda aquela verborragia positivista que já conhecemos: “Eu determino que isso aconteça (...)”, “Eu profetizo isso e aquilo (...)”, “Eu selo essa palavra com o sangue de Jesus (...)”, entre outras frases de efeito já bastante gastas e até inapropriadas. O que estas pessoas não entendem é que Deus não pode ser coagido, convencido, forçado ou sugestionado de forma alguma a nos atender em nossos interesses particulares. Ele é Soberano sobre as Suas ações e sobre toda a Sua criação, de maneira que somos nós que devemos nos submeter a Ele e à Sua vontade.

O “Deus” “Mauricinho” – Aqueles que enxergam a Deus assim pensam que Ele é como aquele “cara” da classe média-alta, bem resolvido financeiramente (pois, afinal de contas, Ele é o “dono do ouro e da prata”), o qual se veste com roupas celestiais bem engomadas e é um tanto quanto esnobe, pois vive sendo fotografado nas festas mais badaladas e aparece nas capas das revistas mais influentes. É claro! Ele pode fazer tudo isso porque é Deus! Para estas pessoas, Deus pertence à high society ou à elite dasocialite universal-cósmica e, sendo assim, Ele não se mistura com os pobres, plebeus e o proletariado de forma geral. É um “Deus” classista. Esse tipo de “Deus” é totalmente contrário à Teologia da Libertação e, ao mesmo tempo, é adepto da Teologia da Prosperidade. Esse “Deus”, não se mistura com o zé-povinho, tal como o óleo não se mistura com a água. “O ‘negócio’ dele”, pensam os que assim o enxergam, “é abençoar apenas às classes mais altas e não aos menos favorecidos”.

O “Deus” Pobre Coitado – Tal tipo de imagem de Deus é extraído incorretamente do imenso sofrimento experimentado por Cristo quando de Sua encarnação. Uma vez que Jesus (O Deus-Homem) foi tremendamente desprezado e humilhado, bem como, experimentou inúmeros sofrimentos em Seu ministério público, os quais culminaram na Sua crucificação, então, as pessoas que tendem a ver Deus sob esse prisma, acabam enxergando-o com um olhar de pena, de dó, repleto de complacência e de compaixão. Tais pessoas chegam a pensar: “Pobre Jesus! Ele foi muito sofrido! Será que Ele poderá fazer alguma coisa por mim hoje, uma vez que Ele não conseguiu ajudar nem a si mesmo há dois mil anos atrás?!”.

O “Deus” Presidente de Empresa Multinacional – Para aqueles que enxergam a Deus desta forma, Ele é visto como aquela pessoa da empresa que está no topo da pirâmide da organização e que, portanto, de tão atarefada e ocupada que é a sua vida, Ele não tem tempo a perder com as “picuinhas” e com as particularidades da vida de seus subordinados, ou, “colaboradores”, para usar um jargão mais atual. Esse tipo de “Deus” é enxergado como alguém que só quer que você “trabalhe, produza e cumpra as suas metas” (seguindo esse pensamento no contexto eclesiológico, Ele quer que você ganhe almas e O sirva), sendo totalmente inacessível aos pobres mortais que vivem na base da cadeia produtiva.

O “Deus” Sádico – Aqueles que fazem tal imagem de Deus enxergam-no como alguém que está por trás de todo o sofrimento que há no mundo. Aliás, para tais pessoas Deus sente verdadeiro prazer e verdadeira satisfação com o sofrimento alheio. “Ele está de braços cruzados, dando várias gargalhadas no céu, ao ver alguém experimentando algum tipo de sofrimento aqui na terra”, pensam. Porém, nada está mais longe da verdade do que tal tipo de caricatura divina!

O “Deus” Vingativo – Por fim, as pessoas que enxergam a Deus assim, o responsabilizam por tudo o que acontece de ruim em suas vidas. Elas pensam assim: “Deus deve ter enviado esse mal sobre a minha vida como forma de vingança, pelo fato de eu não ter ido à igreja, não ter lido a Bíblia, não ter sido uma boa pessoa” etc. A relação destas pessoas com Deus é uma relação de medo e de perigo, por meio da qual elas sempre enxergam a Deus com fortes suspeitas e grandes desconfianças.

Imagens Corretas de Deus

Bem, depois de termos visto algumas concepções equivocadas sobre Deus, vejamos agora algumas imagens que são mais condizentes com aquilo que Ele realmente é, embora sejam, contudo, imagens ainda limitadas, finitas, incompletas e, portanto, deficientes acerca dEle:

Deus é o único Ser auto-existente. É a Causa primeira independente. É um Ser que é ao mesmo tempo, transcendente(está muito além do universo criado, bem como, do nosso conhecimento e compreensão humana) e imanente (está presente e ativo na história da humanidade). Ele é infinito, eterno, onipotente, imutável, inteligente e totalmente livre. O Seu poder se estende sobre tudo e todos.

Sei que estas poucas imagens da divindade são muito belas e, do ponto de vista humano, até que corretas. Todavia, em hipótese alguma elas conseguem descrever a Deus em Sua inteireza essencial, em Suas características e em Seus atributos.

Na verdade, para sermos honestos, “Deus é incompreensível”. Jamais a nossa inteligência finita conseguirá abranger de forma plena Aquele que é infinito, assim como jamais conseguiremos abraçar uma montanha com os nossos braços curtos e frágeis.

Em todos os sentidos, Deus extrapola de forma infinita a nossa inteligência, de maneira que tudo aquilo que podemos conhecer e dizer a Seu respeito não passa de um microscópico e tosco esboço daquilo que Ele de fato é. Sendo assim, diante desse Ser majestoso e sublime, creio que só nos resta exclamarmos junto com o salmista: “Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado!” (Sl 48.1a). 

 


A origem do Diabo segundo o Alcorão.

Muitos (ou todos) muçulmanos advogam  que o Livro Sagrado do Islã foi totalmente inspirado por Deus, por isso não contém erros, ao passo que nega a inerrância bíblica, em especial o Novo testamento.


De acordo com o texto, nota-se que a Bíblia foi usada como fonte de informações sobre o processo da criação do Homem e da queda de Lúcifer, apenas contendo algumas adaptações, provavelmente oriunda da tradição oral árabe que circulava na época do profeta Maomé.

Vejamos

Recorda-te de quando o teu Senhor disse aos anjos: Criarei um ser humano de argila, de barro modelável. 29 E ao tê-lo terminado e alentado com o Meu Espírito, prostrai-vos ante ele. 30 Todos os anjos se prostraram unanimemente, 31 Menos Lúcifer, que se negou a ser um dos prostrados. 32 Então, (Deus) disse: Ó Lúcifer, que foi que te impediu de seres um dos prostrados? 33 Respondeu: É inadmissível que me prostre ante um ser que criaste de argila, de barro modelável. 34 Disse -lhe Deus: Vai -te daqui (do Paraíso ), porque és maldito! 35 E a maldição pesará sobre ti até o Dia do Juízo. 36 Disse: Ó Senhor meu, tolera-me até ao dia em que forem ressuscitados! 37 Disse-lhe: Serás, pois, dos tolerados, 38 Até ao dia do término prefixado. 39 Disse : Ó Senhor meu, por me teres colocado no erro, juro que os alucinarei na terra e os colocarei, a todos, no erro; 40 Salvo, dentre eles, os Teus servos sinceros. 41 Disse-lhes: Eis aqui a senda rela, que conduzirá a Mim! 42 Tu não terá autoridade alguma sobre os Meus servos, a não ser sobre aqueles que te seguirem, dentre os seduzíveis. 43 O inferno será o destino de todos eles. Alcorão 15:28-43.

É indiscutível a similaridade das religiões abraâmicas, por mais que uma queira exclusividade em detrimento da outra, não acham?

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Deus abençoe sua vida.

 

 

 

 

Exegese de Êxodo 4:24-26

INTRODUÇÃO



            Com certeza a perícope de Êxodo 4.24-26 é uma das passagens mais misteriosas da Bíblia, se ela não for a mais misteriosa da Bíblia, e foi a partir desse mistério todo nos sentimos motivados a tentar desvendar os seus segredos, mergulhar no seio dessa passagem para trazer à tona as repostas que ela guarda.
E esse é o intuito, buscaremos “as suas respostas” não somente em livros de pesquisa, mas principalmente na Bíblia, aquilo que está escondido em suas entrelinhas.

Desvendando Êxodo 4.24-26, ou não, será o nosso grande desafio, e esperamos conseguir encontrar respostas para essa pericope, mesmo que seja quase impossível, devido a sua complexidade.  

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1.    Como Tudo Começou

Antes de iniciar a interpretação de Êxodo 4.24-26, é preciso saber como o povo de Israel migrou para o Egito.

José, filho de Jacó e Raquel (Gênesis 35.24) fora vendido aos mercadores medianitas pelos seus irmãos (Gênesis 37.28) e eles o levaram para o Egito. Passado um período no Egito, José tornou-se governador do local (Gênesis 42.6). Mais tarde, Jacó e os seus filhos descem para o Egito, onde fixaram moradas (Gênesis 47.4-6).

Passado toda essa geração, houve um novo rei no Egito, um rei que provavelmente não conheceu a José e nem a sua família. E com base nessa nova geração, faremos uma breve viagem aos primeiros capítulos do livro de Êxodo para podermos entender melhor o que se passou.

Cap.1 – Há um novo rei no Egito. Este estava preocupado com a proporção que o povo de Israel vinha se multiplicando em sua terra, com isso, deu a seguinte ordem as parteira das hebréias: “Quando servirdes de parteira às hebreias, examinai: se foi filho, matai-o; mas, se for filha, que viva” (Êxodo 1.16). Além disso, o Faraó ordena que todos os filhos hebreus fossem lançados no rio Nilo, segundo consta em Êxodo 1.22.

Cap. 2 – Uma mulher, descendente de Levi dá a luz a um menino e acaba o escondendo por três meses (Êxodo 2.2). Quando percebe que não pode mais mantê-lo sob essas condições, a mulher o coloca dentro de um cesto e o põe no rio. A filha do Faraó o encontra enquanto se banha neste mesmo rio e o adota, dando-lhe o nome de Moisés. Após ter se tornado um homem, Moisés mata um egípcio e foge para Midiã (Êxodo 2.11-15). Lá, casa-se com Zípora e tem um filho, a quem dá o nome de Gérson.
Cap. 3 – Moisés estava a apascentar o seu rebanho, quando Deus aparece e fala com ele. O Senhor diz a Moisés que volte ao Egito e liberte o povo dele da opressão do Faraó e acrescenta que Ele será com Moisés. Deus é claro e diz: “Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; por isso, desci a fim de livrá-los da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel; o lugar do cananeu, do hetel, do amorreu, do ferezeu, do heveu e do jebuseu. Pois o clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e também vejo opressão com que os egípcios os estão oprimindo. Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito” (Êxodo 3.7-10).

Cap. 4 – Moisés questiona a Deus em relação à veracidade dos fatos nos olhos alheios, então o Senhor lhe concede poderes para que os hebreus venham a crer em Moisés. Mesmo assim, Moisés se vê incapacitado de ir à diante, pois diz ao Senhor que não é eloqüente (Êxodo 4.10), no entanto, respondeu-lhe o Senhor: “Quem fez a boca do homem? Ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Vai, pois, agora, e eu serei a tua boca e te ensinarei o que hás de falar” (Êxodo 4.11-12). Depois de muito questionar, Moisés obedece a Deus, junto a sua esposa e seu filho, ele regressa ao Egito.



 2.    Questões A Serem Abordadas

Após uma prévia sobre a história de Moisés, há questões a serem abordadas nesse trabalho a fim de auxiliar e ou mesmo facilitar a interpretação da pericope de Êxodo 4,24-26.

·        Qual a tribo de Moisés?
·        Moisés era circuncidado?
·        Quem era Zípora?
·        Por que o Senhor queria matá-lo?
·        Por que o Senhor não o matou antes?
·        Por que o Senhor o comissiona e depois quer matá-lo?
·        Qual a passagem desse evento?
·        Qual a idade do filho de Moisés?

            Segundo a Bíblia, sabe-se que a circuncisão fora uma cerimônia ordenada por Deus a Abraão e aos seus descendentes como um sinal do pacto que fora estabelecido entre o Senhor e o seu povo.

Disse mais Deus a Abraão: Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência no decurso das suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós será circuncidado. Circuncidares a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal da aliança entre mim e vós. O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações, tanto o escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe. Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua. O incircunciso, que não for circuncidado na carne do prepúcio, essa vida será eliminada do seu povo; quebrou a minha aliança. (Genesis 17.9-14)

Com base nessa passagem da bíblia, é possível saber qual a tribo em que Moisés pertencia, além de poder falar com propriedade que ele era circuncidado, uma vez que a sua mãe o manteve em segredo por três meses, já que o rito de circuncisão era feito ao oitavo dia de vida da criança do sexo masculino.

Foi-se um homem da casa de Levi e casou com uma descendente de Levi. E a mulher concebeu e deu a luz um filho, e, vendo que era formoso, escondeu-o por três meses. Êxodo 2.1-2

Quando Moisés se refugiou nas terras de Midiã por ter matado um egípcio, ele passa a morar na casa de um sacerdote cujo nome é Jetro. O sacerdote possuía sete filhas, uma delas é Zípora, a que foi dada por Jetro a Moisés. A cidade de Midiã estava situada no litoral árabe do golfo Pérsico.

Moisés consentiu em morar com aquele homem, e ele deu a Moisés sua filha Zípora. Êxodo 2.21.


 3.    Êxodo 4.24-26 Em Seus Originais

Antes de iniciarmos a interpretação da perícope, veremos qual é a tradução literal de cada versículo segundo os textos originais.

3.1 BHS E A Tradução Literal De Êxodo 4.24-26                          


24 E foi no caminho, na pousada, e encontrou-lhe Yahweh, e quis matá-lo.
25E tomou Zípora uma faca de pedra e cortou o prepúcio de seu filho, e lançou aos seus pés, e disse: certamente esposo de sangues és tu para mim.
26E se apartou dele, quando disse: esposo de sangues, por causa da circuncisão.


3.2.  Análise Léxico-Morfológica Da BHS

VERSO 24
VOCÁBULO
TRADUÇÃO
yhiîy>w
e foi
%r  
caminho
!Al+M’B 
na pousada      
WhveäG>p.Yiw
e encontrou-lhe
hwӑhy
Yahweh
vQEßb;y>w  
e quis 
At*ymih
matá-lo


 VERSO 25                                                                                         

VOCÁBULO
TRADUÇÃO
xQ;’Tiw
E tomou 
hr”øPoc
Zípora 
rc
faca de pedra 
‘trok.Tiw
e cortou 
tl;r>[‘-ta
prepúcio de 
HnӑB
seu filho 
[G:ßT;w
e lançou 
wyl’g>r:l
aos seus pés 
rm,aTo§w
e disse
yK
certamente 
~ymi²D”-!t;x
esposo de sangues 
hT’Þa
tu 
yl
para mim 

 VERSO 26

VOCÁBULO
TRADUÇÃO
@r,Yißw
E se apartou 
WNM,m
dele 
Za’…
quando 
hr”êm.a’
disse
!t:ïx
esposo de 
~ymiÞD
sangues 
tl{)WMl
por causa da circuncisão


3.3.  LXX E A TRADUÇÃO LITERAL DE ÊXODO 4.24-26

24 kyévexo õè Ev τή όδώ èv τώ καταλύματι συνήντησεν αύτώ άγγελος κυρίου και Εζήτει αυτόν άποκτειναι 25 και Λαβουσα Σεπφωρα ψήφονтерьбтецеу την άκροβυστίαν του υίοϋ αυτής καΐ Προσέπίσεν προς τους πόδας και Είπεν 'έστη το Αίμα της πφίτομής του παιδιού μου 26 και Απήλθεν άπ' αύτου διότι είπ€ν 'έστη το Αιμα της περιτομής του παιδιού μου

24. E aconteceu no caminho, no alojamento, encontrou com ele um anjo do Senhor, e buscava matá-lo.
25. E tomou Séfora uma pequena pedra lisa para circuncidar a incircuncisão do filho dela e caiu prostrada diante dos[seus] pés e disse: para provocar o sangue da circuncisão do meu filho.
26. E partiu dele porque disse: repousou o sangue da circuncisão do meu filho


3.4.  Análise Léxico-Morfológica Da LXX

VERSO 24

VOCÁBULO
TRADUÇÃO
eyeveuo
aconteceu  
ôè
Ε 
Εν
em 
τΐΐ
o   
όδώ
caminho 
ev
em 
τω
o 
καταλύματι
alojamento    
συνηντησεν
encontrou     
αυτω
ele 
άγγελος
um anjo 
κυρίου
do  Senhor 
και
e 
Εζήτ^ι

αυτόν
a ele 
άποκτεΐναι
matar 

VERSO 25

VOCÁBULO
TRADUÇÃO
και
Ε 
Λάβουσα
tomou     
Σεπφωρα
Séfora 
ψήφον
uma pequena pedra lisa 
την
a 
άκροβυστίαν
incircuncisão 
τοϋ
do 
υιού
filho 
αυτής
dela 
кт
e 
Прооетеоеу
caiu   prostrada   diante   de

προς
aos 
τους
os    
πόδας
pés 
και
e 
Eíirev
disse 
€στη
repousou  
το
o
Αΐμα
sangue  
της
da
περιτομής
circuncisão  
του
do
παιδιού
filho
μου
meu  


VERSO 26

VOCÁBULO
TRADUÇÃO
και
Ε 
Αττήλθ€ν
partiu     
αττ
desde 
αύτοΰ
ele 
διότι
porque 
€ΐπεν
disse
6στη
repousou   
το
o 
Αίμα
sangue      
της
da 
περιτομής
circuncisão  
του
do 
παιδιού
filho 
μου
meu      



4.     Versões Das Bíblias Para Êxodo 4.24-26

     Almeida, Revista e Atualizada
24. Estando Moisés no caminho, numa estalagem, encontrou-o o Senhor e o quis matar. 25. Então, Zípora tomou uma pedra aguda, cortou o prepúcio de seu filho, lançou-o aos pés de Moisés e lhe disse: Sem dúvidas, tu és para mim esposo sanguinário. 26. Assim, o Senhor o deixou. Ela disse: Esposo sanguinário, por causa da circuncisão.

Almeida, Revista e Corrigida
24. E aconteceu no caminho, numa estalagem, que o Senhor o encontrou, e o quis matar. 25. Então Zípora tomou uma pedra aguda, e circuncidou o prepúcio de seu filho, e lançou-a seus pés, e disse: Certamente me és um esposo sanguinário. 26. E desviou-se dele. Então ela disse: Esposo sanguinário, por causa da circuncisão.

NVI – Nova Versão Internacional
24. Numa hospedaria ao longo do caminho, o Senhor foi ao encontro de Moisés e procurou matá-lo. 25. Mas Zípora pegou uma pedra afiada, cortou o prepúcio de seu filho e tocou os pés de Moisés. E disse: “Você é para mim um marido de sangue!”
26. Ela disse “marido de sangue”, referindo-se à circuncisão. Nessa ocasião o Senhor o deixou.

NTLH – Nova Tradução da Linguagem de Hoje
24. Durante a viagem ao Egito, num lugar onde Moisés e a sua família estavam passando a noite, o Senhor se encontrou com Moisés e procurou matá-lo. 25. Aí Zípora, a sua mulher pegou uma pedra afiada, cortou o prepúcio de seu filho e com ele tocou os pés de Moisés. E disse: -Você é um marido de sangue para mim.
26. Ela disse isso por causa da circuncisão. E assim o Senhor deixou Moisés viver.

Bíblia Sagrada Edição Pastoral. Tradução: Ivo Stomiolo, Euclides Martins Balancin e José Luiz Gonzaga de Prado. Editoras: Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus. 1990
24. Durante a viagem, numa hospedaria, Javé foi ao encontro de Moisés e procurava matá-lo. 25. Séfora pegou uma pedra aguda, cortou o prepúcio de seu filho, com ele tocou os órgãos sexuais de Moises e disse: Você é para mim um esposo de sangue. 26. E Javé o deixou quando ela disse: “Esposo de sangue”, por causa da circuncisão.

  Bíblia Sagrada Edições Paulinas. Tradução da Vulgata pelo Pe. Matos Soares. 1980
24. E, quando (Moisés) ia no caminho, o Senhor se lhe apresentou na pousada, e queria matá-lo. 25. Tomou logo Séfora uma pedra agudíssima, e circuncidou o prepúcio de seu filho, e tocando os pés de Moisés, disse: Tu és para mim um esposo de sangue. 26. E (o Senhor) o deixou, depois que ela disse por causa da circuncisão, esposo de sangue.


5.     Interpretando Êxodo 4.24-26

No versículo 24, quando diz que o Senhor encontrou Moisés e quis matá-lo, não acredito que Deus realmente queria matar Moisés, mas acredito que o Senhor esperava que ele viesse a cumprir a aliança que o Senhor havia feito com Abraão, pois Gersón, filho de Moisés, ainda não havia sido circuncidado. Porém, Deus escolheu a Moisés para libertar o seu povo da tirania do Faraó, segundo consta em Êxodo 3.2, e para que isso se cumprisse, Moisés precisava ser um exemplo entre o povo hebreu. Entretanto, vale ressaltar que apesar de Moisés ser hebreu, ele fora criado por egípcios e com base nisso, há um pressuposto de que ele não conhecia os costumes do seu povo de origem.

Uma vez sem saber o que fazer diante da presença de Deus, Zípora que tomaste as rédeas da situação, circuncidando seu filho com uma pedra aguda (versículo 25). Levando em consideração que Zípora era midianita, isso quer dizer, descendente de Midiã, e Midiã fora um dos filhos de Abraão e Quetura, ela sim saberia exatamente o que fazer diante dessa situação, foi por isso que Zípora fez o que fez. Mesmo porque, seu pai Jetro era sacerdote, então, provavelmente, Zípora pode ter visto seu pai efetuar o rito de circuncisão.

Acredito também que ao contrário de Moisés, Zipora tinha uma sensibilidade espiritual bem mais aguçada e captou algo que Moisés não entendeu. Quando Deus disse a Moisés que, se o Faraó não libertasse Israel, primogênito de Javé, Ele mataria o primogênito do Faraó (Êxodo 4. 22-23), e fora com base nisso que Zípora tomou a iniciativa de circuncidar seu filho Gérson.

Com relação ao ato de Zípora de ter cortado o prepúcio de seu filho e jogado aos pés de Moisés, para o nosso entendimento, ela provavelmente estava brava com Moisés, por ele não ter feito absolutamente nada quando o Senhor veio de encontro a eles no versículo 24, e ao proferir que ele era um esposo sanguinário, talvez tenha sido por causa do sangue que foi derramado quando Gérson fora circuncidado.

Uma vez que a circuncisão fora feita, Deus se aparta do local (versículo 26), pois para o nosso entendimento, aquilo que precisava ser feito, acabara de ser consumado.


CONCLUSÃO

Depois de termos feito todo o trabalho, mesmo com toda a base teológica que buscamos, é difícil expor, mas cremos que ainda não conseguimos desvendar os mistérios que essa perícope esconde.

Com base nesse tema, dissertações e monografias sempre serão escritas, e nas Igrejas haverá pregações e sermões, no entanto, inúmeras interpretações aparecerão, talvez com alguma semelhança, entretanto, cada interpretação é uma interpretação diferente.

Como dito no inicio, a perícope escolhida é um tanto complexa e enigmática, possui mistérios que pertencem somente a ela, tanto que essa passagem não é mais comentada em nenhuma parte da Bíblia.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Revista e Atualizada, 2ª. Edição

ALMEIDA, Revista e Corrigida

BÍBLIA SAGRADA, Edição Pastoral

BÍBLIA SAGRADA, Edições Paulinas

BUCKLAND, A. R. & Lukyn Williams, Dicionário Bíblico Universal, Edição revista e atualizada em maio de 2007

NET BIBLE – http://bible.org/netbible  Acesso em: 07/05/2011.

NTLH – Nova Tradução da Linguagem de Hoje

NVI – Nova Versão Internacional

VAILATTI, Carlos Augusto. “Decifra-me ou Devoro-te”: Em busca de uma solução Exegética e Hermenêutica para ao Enigma de Êxodo 4.24-26. [Artigo]. São Paulo, Publicação do Autor, 2011.
 
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Deus abençoe sua vida.